O cavalo-mediador e o cavalo-espelho dentro da relação terapêutica
- almagreterapias
- 6 de jun. de 2024
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O conceito de "cavalo espelho” refere-se à capacidade do cavalo de refletir as emoções e os padrões comportamentais do cliente. Surge no momento em que o cavalo oferece feedback não verbal imediato que revela aspectos inconscientes do cliente. Essa dinâmica facilita diferentes tipos de projeções por parte deste, muitas vezes relacionadas a figuras maternas/paternas, angústias, frustrações, mecanismos de defesa e estratégias de coping desadaptativas que causam desconforto.
Os cavalos são extremamente sensíveis à comunicação e às emoções humanas e no imediato, como um espelho, devolve ao cliente as emoções que estão a ser projetadas, contribuindo assim para o processo de tomada de consciência e transformação.
A resposta não verbal e imediata do cavalo torna-se uma ferramenta poderosa para aumentar a autoconsciência e a compreensão emocional do cliente. Ao observar as reações do cavalo em resposta às suas próprias emoções e comportamentos, o cliente é incentivado a refletir sobre as suas experiências internas, identificar padrões de pensamento e comportamento e explorar questões emocionais subjacentes. Essa experiência de autoconhecimento e autorreflexão é essencial para o processo terapêutico, pois permite ao paciente desenvolver insights profundos sobre si mesmo e promover mudanças positivas na sua vida.
Andreas Liefooghe descreve o cavalo espelho como um parceiro terapêutico que reflete as emoções e os comportamentos do cliente de forma não verbal. Atua como um espelho emocional, proporcionando feedback imediato e autêntico sobre o estado emocional do cliente. O cavalo espelho pode ajudar os clientes a aumentarem a sua autoconsciência e compreensão emocional, permitindo-lhes explorar e processar questões profundas de uma maneira única e significativa.
No cavalo mediador, refere-se à capacidade do cavalo de agir como intermediário na relação entre o terapeuta e o cliente. A sua capacidade relacional e a sua apetência inata em interagir com os humanos, permite que facilmente adira e participe no espaço físico e psíquico (afectivo, emocional) da relação terapêutica, mediando a interação entre os vários intervenientes: clientes e técnicos.
A função terapêutica do cavalo é de “objecto de transição” (“objecto transicional” Winnicott, 1951). As projeções inconscientes inscrevem-se sempre nas características mais imaturas/precoces e/ou patológicas do desenvolvimento e são “colocadas” no cavalo – “objecto transicional”. O cavalo-mediador passa a ser o objeto físico ou simbólico que o cliente usa para facilitar a transição entre a dependência absoluta da infância e a independência gradual durante o desenvolvimento. No caso da terapia assistida por equinos, o cavalo-mediador atua como um intermediário entre o terapeuta e o cliente, facilitando a comunicação, promovendo a expressão emocional e fornecendo um espaço seguro para a exploração de questões pessoais. O cavalo-mediador pode servir como um ponto focal ou uma ponte entre o mundo interno do cliente e o ambiente terapêutico, ajudando-o a se sentir mais à vontade e aberto durante as sessões.
O cavalo desempenha um papel ativo e participativo no processo terapêutico através das dinâmicas propostas no espaço terapêutico, como o redondel, no qual é possível trabalhar a afetividade, a liderança, o trabalho em equipe, a socialização, o foco e diversas outras questões. Nesse contexto, o cavalo cria uma conexão afetiva de não julgamento, permitindo ao cliente explorar e transformar as suas questões de forma segura.
Segundo Liefooghe, é um parceiro terapêutico que facilita a comunicação e a interação entre o cliente e o terapeuta, ajudando a criar um ambiente seguro e facilitador para a exploração emocional e o crescimento pessoal. O cavalo mediador pode ajudar os clientes a desenvolverem competências de comunicação, expressão emocional e relacionamento interpessoal, promovendo uma maior consciência de si mesmos e dos outros.
Em ambos os casos, as respostas e comportamentos do cavalo, como aproximação, distanciamento, indiferença, interesse ou agressividade, proporcionam ao cliente a conscientização de suas questões emocionais e abrem caminho para o trabalho e o desenvolvimento pessoal.
Em resumo, tanto o cavalo mediador quanto o cavalo espelho desempenham papéis fundamentais na dinâmica terapêutica , desempenhando papéis específicos que são de grande relevância para o processo de intervenção.
Uma das qualidades mais poderosas dos cavalos como parceiros terapêuticos é a sua autenticidade e ausência de julgamento. Aceitam os clientes exatamente como são, sem preconceitos ou expectativas, criando um ambiente seguro e acolhedor para a expressão honesta e aberta. Essa aceitação e a sua sensibilidade às emoções humanas, permitem experiências vivenciais que podem proporcionar aos clientes uma forma única de aprendizagem e crescimento pessoal, permitindo-lhes experimentar mudanças reais no momento presente. Permitem também criar metáforas vivenciais poderosas durante as sessões.
Andreas Liefooghe enfatiza que os cavalos desempenham papéis essenciais na terapia assistida por cavalos como mediadores e espelhos emocionais, oferecendo uma abordagem única e eficaz para a cura e o crescimento pessoal. As suas características naturais, sensibilidade e autenticidade tornam-nos parceiros terapêuticos valiosos que podem enriquecer significativamente o processo terapêutico.
Os conceitos de cavalo mediador e cavalo espelho podem oferecer uma série de benefícios únicos para a terapia assistida por cavalos, mas também podem apresentar desafios que exigem competências e recursos adequados para serem superados.
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